Senadora diz que Projeto Biomas democratizará pesquisa na propriedade -
Por Editor em 21/12/2010
A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, disse ontem (20/12/10) que o Projeto Biomas vai "democratizar a pesquisa dentro da propriedade", permitindo com que todos os produtores rurais do País sejam inseridos no processo de combate ao aquecimento global aumentando a produção de alimentos sem prejudicar o meio ambiente.
"Aqueles produtores sem recursos para pagar um pesquisador para desenvolver tecnologia para aumentar a produção sem desmatar novas áreas vão ter a ajuda dos parceiros do projeto", afirmou a senadora, ao fazer pronunciamento na Tribuna do Senado Federal para fazer um balanço da 16º Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-16), realizada em Cancun, no México, e defender as ações do setor agropecuário para evitar danos ambientais.
O Projeto Biomas, desenvolvido pela CNA em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi lançado internacionalmente na COP-16 e foi criado visando práticas de produção de alimentos aliadas à preservação ambiental. Serão investidos US$ 23 milhões na execução do projeto em nove anos, quando serão realizadas pesquisas nos seis biomas brasileiros (Mata Atlântica, Cerrado, Pampa, Caatinga, Amazônia e Pantanal) para identificar as áreas experimentais de aplicação do projeto nesta primeira etapa, ou seja, as "vitrines tecnológicas".
Este trabalho servirá de base para que o produtor rural possa plantar ou recompor áreas dentro da propriedade com espécies nativas ou exóticas, tendo a participação de mais de 200 pesquisadores e de outras entidades que serão parceiras no projeto.
Kátia Abreu destacou a repercussão positiva do projeto durante a COP-16. A boa aceitação do Biomas fez com que o tema virasse notícia na imprensa internacional. A rede britânica de comunicação BBC elegeu a iniciativa como o segundo fato entre os 10 mais importantes do evento. O assunto também foi destaque no site do jornal norte-americano New York Times, na revista inglesa New Scientist, nas agências de notícias Reuters (Inglaterra) e EFE(Espanha), no site australiano Stock & Land. O tema rendeu, ainda, entrevistas exclusivas da presidente da CNA à revista britânica The Economist.
Outra iniciativa para combater o aquecimento global bem recebida na COP-16 e mencionada pela senadora em seu pronunciamento foi o programa Agricultura de Baixo Carbono, lançado pela Embrapa. Esta ação destina R$ 2 bilhões para promover práticas para garantir a produção sustentável de alimentos, como a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta, instrumentos que poderão contribuir para a queda de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Sobre este ponto, Kátia Abreu destacou também a criação de um fundo para financiar a Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação (REDD) durante a convenção. "Falta saber quem vai financiar o fundo, mas ele foi criado e a decisão é irreversível. É importante que o produtor recebe por preservar o meio ambiente, em quantia equivalente ao que ele receberia pelo alimento que produz", enfatizou.
A presidente da CNA aproveitou o pronunciamento para defender a atualização do Código Florestal, para evitar que o Brasil volte a importar alimentos. "Se deixarmos de produzir arroz e feijão para conservarmos áreas de reserva legal correremos o risco de importar arroz e feijão de países que não têm a reserva legal, por que isso só tem no Brasil", argumentou.
Ela também voltou a afirmar que a proposta de atualização do Código Florestal não permitirá novos desmatamentos. "Quem disser que aumentará o desmatamento eu desafio a debater aqui no Senado", afirmou. Reforçou também que o Brasil não precisa abrir novas áreas para produção é que o País é o segundo do mundo em cobertura vegetal nativa, com 56% do território. "Estamos atrás apenas da Rússia, que tem boa parte do país coberta com gelo e não tem área para agricultura", ressaltou.
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